terça-feira, 23 de abril de 2024

50 anos do 25 de abril





Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril


Em 2024 celebram-se os 50 anos da Revolução que no dia 25 de abril de 1974 pôs fim ao regime ditatorial e ao Estado Novo e implementou a democracia em Portugal. As celebrações decorrem entre 2022 e 2026. Iniciaram-se no dia 23 de março de 2022 – momento em que se passou a ter mais dias de democracia do que em ditadura – e terminam em dezembro de 2026, quando se cumpre, por um lado, 50 anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa e, por outro, 50 anos do ciclo eleitoral que decorreu ao longo do ano de 1976:

  • as primeiras eleições legislativas;
  • as primeiras presidenciais,
  • as primeiras regionais nos Açores e na Madeira;
  • as primeiras autárquicas.

A data simboliza o início de um caminho de profundas transformações económicas, sociais e culturais, que tiveram como motor a democratização e a europeização do país.

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril desenvolvem-se em torno de dois eixos estruturantes – Memória e Futuro – e constituem uma experiência comemorativa de âmbito nacional assente nos princípios e valores subjacentes ao Programa do Movimento das Forças Armadas, que pôs fim à ditadura: paz, liberdade, democracia e progresso.



sexta-feira, 12 de abril de 2024

J. Rentes de Carvalho e " Ernestina"

 



De ascendência transmontana, J. Rentes de Carvalho nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para jornais como O Estado de São Paulo ou O Globo e o Expresso. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, onde se licenciou (com uma tese sobre Raul Brandão) e foi docente de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988. Dedica-se desde então exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias. Escreveu romances, contos, diário, crónica, guias de viagem ou ensaios. Vive entre Amesterdão e Estevais (Mogadouro), metade do ano em cada país.

Ernestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um fresco de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, uma obra que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda.
Ernestina é também o nome da mãe do autor e da intrépida protagonista deste livro. Sobre ela J. Rentes de Carvalho disse: «Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

 

 

Sebastião da Gama, poeta e pedagogo, nasceu a 10 Abril de 1924, em Vila Nogueira de Azeitão; faleceu precocemente em fevereiro de 1952, Lisboa.

Viveu a sua infância no Portinho da Arrábida e a sua obra está profundamente ligada à Serra da Arrábida. Em 1945, publica o seu primeiro livro, Serra-Mãe.

Em 1947 licenciou-se em

filologia românica, na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professor em Lisboa, em Setúbal e em Estremoz.

 

Sebastião da Gama amava profundamente a Arrábida e a sua obra literária exprime este sentimento de profunda ligação à beleza daquele lugar. Poeta muito atento e apaixonado pela natureza, mas também pelas crianças e pelos seus semelhantes.

Muitos dos seus poemas afirmam a natureza e evoluem para uma dimensão de ligação ao transcendente.

 

No seu trabalho literário, podem contar-se várias obras, umas publicadas pelo autor, como é o caso de: Serra-Mãe (1945), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951), e outras que apareceram postumamente, e que são: Pelo Sonho É Que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo É Amar (1969) e Cartas I (1994).

 

 

 

No poema Serra-Mãe, o autor fala da serra da Arrábida, como sua mãe:

«Chego a julgar a Arrábida por Mãe,

quando não serei mais que seu bastardo.

 

A minha alma sente-se beijada
pela poalha da hora do Sol-pôr;

sente-se a vida das seivas e a alegria

 que faz cantar as aves na quebrada;

e a solidão augusta que me fala
pela mata cerrada,
aonde o ar no peito se me cala,

desceu da Serra e concentrou-se em mim.

 

 

A título póstumo foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e com o grau de Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, em junho de 1993 e em abril de 2024, respetivamente.

 

Sebastião da Gama 

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,

Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos

E ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.