segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

75º aniversário da Libertação de Auschwitz

 

Fez 75 anos que as tropas soviéticas libertaram Auschwitz. A data da libertação deste campo de concentração é hoje lembrada como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

 

Em 27 de Janeiro de 1945, tropas do Exército Vermelho da União Soviética entraram no campo de concentração de Auschwitz, libertando os prisioneiros que se encontravam no campo, entretanto abandonado pelas forças nazis, que se retiraram

com a aproximação do exército soviético.

Em menos de quatro anos, entre 1941 e 1945, a Alemanha nazi matou mais de um milhão de pessoas em Auschwitz, na sua grande maioria judeus.
Os deportados para este campo foram, na sua grande maioria, mortos em câmaras de gás. Muitos foram assassinados em experiências médicas.

Estima-se que seis milhões de judeus foram mortos no Holocausto, a campanha nazi para exterminar os judeus. Auschwitz está no centro deste genocídio.

 

Auschwitz foi construído depois da invasão da Polónia pela Alemanha. Fica localizado a cerca de 70 quilómetros da cidade de Cracóvia.

Posteriormente foi construído o campo de Auschwitz II (Birkenau), como campo de extermínio.







O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, participa hoje na cerimónia do 75.º aniversário da libertação de Auschwitz, que decorre no antigo campo de concentração construído em território polaco ocupado pela Alemanha.
Dignitários de cerca de 50 países estão presentes, como os presidentes da Áustria, Alemanha, Irlanda e Israel ou os primeiros-ministros da Bulgária, Croácia, França, Grécia, Hungria e República Checa.
Os reis dos Belgas, o de Espanha e o dos Países Baixos também participam na cerimónia, que terá como protagonistas mais de 200 antigos presos de Auschwitz-Birkenau, sobreviventes do Holocausto.
As comemorações incluem vários eventos organizados pelo museu, entre os quais os ensaios fotográficos “Auschwitz - O Campo da Morte” e “Auschwitz - Retratos de Sobreviventes”.
Além desta decorreu na semana passada em Israel, Jerusalém, uma outra cerimónia assinalando os 75 anos da libertação de Auschwitz, onde esteve presente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Miguel Torga

Miguel Torga

No dia 17 de Janeiro de 2020 completam-se 25 anos sobre a morte do escritor Miguel Torga,
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memoralista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

Nasceu em S. Martinho de Anta em 1907. Depois de uma experiência de emigração no Brasil durante a adolescência, cursou Medicina em Coimbra, onde passou a viver e onde veio a falecer em 1995. Foi poeta presencista numa primeira fase; a sua obra abordou temas bucólicos, a angústia da morte, a revolta, temas sociais como a justiça e a liberdade, o amor, e deixou transparecer uma aliança íntima e permanente entre o homem e a terra. Estreou-se com Ansiedades, destacando-se no domínio da poesia com Orfeu Rebelde, Cântico do Homem, bem como através de muitos poemas dispersos pelos dezasseis volumes do seu Diário; na obra de ficção distinguimos A Criação do Mundo, Bichos, Novos Contos da Montanha, entre outros. O Diário ocupa um lugar de grande relevo na sua obra. Também como escritor dramático, publicou três obras intituladas Terra Firme, Mar O Paraíso. Recebeu o Prémio Camões em 1989 e o prémio Vida Literária (atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores) em 1992.



Requiem por Mim
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que dele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.

Coimbra, 10 de Dezembro de 1993


SÚPLICA


Agora que o silêncio é um mar sem ondas, 
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto. 
Só soubemos sofrer, enquanto 
O nosso amor 
Durou. 
Mas o tempo passou, 
Há calmaria... 
Não perturbes a paz que me foi dada. 
Ouvir de novo a tua voz seria 
Matar a sede com água salgada.

Quase um poema de amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor