terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Concurso Nacional de Leitura - fase escola

Concurso Nacional de Leitura - fase escola




Como já vem sendo tradição a nossa escola vai participar neste ano letivo no Concurso Nacional de Leitura.

Destinado aos alunos do ensino básico e secundário, este desafio pretende estimular o treino da leitura e desenvolver competências de expressão escrita e oral junto dos alunos do 3º ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário. A prova realizar-se-á no início de janeiro.


As obras selecionadas para a 
1ª Fase do concurso são:

Ensino básico

O rapaz do rio, de Tim Bowler   


O polegar de Deus, de Louis Sachar

Ensino Secundário:

Nos Passos de Magalhães, de Gonçalo Cadilhe                                                         Se isto é um homem, de Primo Levi


Participem!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen





MAR


Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Mês e Dia Internacional das Bibliotecas Escolares

Mês e Dia Internacional das Bibliotecas Escolares


Comemora-se hoje, dia 23 de outubro, o Dia Internacional das Bibliotecas EscolaresEste mês de outubro (M.I.B.E – Mês Internacional das Bibliotecas Escolares) é todo ele dedicado ao novo papel desempenhado pelas Bibliotecas Escolares, no atual paradigma da educação, do século XXI.

Em Portugal, o Dia da Biblioteca Escolar é assinalado na quarta segunda-feira de outubro, este ano, dia 28, mas em todo o mundo, e segundo a proposta da International Association of School Librarianship (IASL), o mesmo pode ser comemorado durante um dia, uma semana ou mesmo durante o mês de outubro.

O tema proposto este ano pela IASL para a comemoração do International School Library Month (ISLM) é “Let’s Imagine” – “Vamos Imaginar”e baseia-se no mote principal da Conferência Anual da IASL, intitulada, Convergence, Empowering, Transformation: School Libraries”, a realizar entre os dias 21 e 25 de outubro, em Dubrovnik, Croácia ( http://www.iasl2019.hr/ ).

A equipa responsável pela comemoração da IASL,  convida todos, membros e não membros, a pensar e celebrar a ligação entre os livros, a leitura, as bibliotecas escolares e a imaginação. A todos fica o convite de partilhar ideias e a imaginação através do email: celebrateschoollibraries@gmail.com.


terça-feira, 23 de abril de 2019

No centenário do nascimento de Fernando Namora ( 1919-1989)

Fernando Gonçalves Namora ( Condeixa-a-Nova, 15 de abril de 1919 - Lisboa, 31 de janeiro de 1989) foi um médico e escritor português, autor duma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nos anos 70 e 80. 
Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, pertenceu à geração de 40, grupo literário que reuniu personalidades marcantes como Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Joaquim Namorado ou João José Cochofel.  
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia. Mas já publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em 1938 surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se activamente no projecto do Novo Cancioneiro ( 1941), colecção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra.  
Com uma obra literária que se desenvolve ao longo de cinco décadas é de salientar a sua precoce vocação artística, de feição naturalista e poética, tal como a importância do período de formação em Coimbra, mais as suas tertúlias e movimentos estudantis. Os muitos textos que escreveu, nos diferentes momentos ou fases da vida literária, apresentam retratos com aspectos de picaresco, observações naturalistas e algum existencialismo. Independentemente do enquadramento, Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, inseparável de uma grande sensibilidade e linguagem poética. Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e impressões de viagem.




 Entre os muitos títulos que publica em prosa contam-se Fogo na noite escura ( 1943) , Casa da Malta ( 1945), As minas de S. Francisco ( 1946), Retalhos da Vida de um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada ( 1950) O Trigo e o Joio ( 1954), O Homem disfarçado ( 1957) Domingo à Tarde ( 1961, Prémio José Lins do Rego), Os Clandestinos ( 1972), Resposta a Matilde ( 1980) e O Rio Triste ( 1982, Prémio Fernando Chinaglia, Prémio Fialho de Almeida e Prémio D. Dinis) e ainda as biografias romanceadas de Deuses e Demónios da Medicina (1952)  Publicou em poesia Mar de Sargaços ( 1940), Marketing ( 1969) e Nome para uma Casa ( 1984). Foram romances como os Retalhos da Vida de um Médico, O Trigo e o JoioDomingo à Tarde, O Homem Disfarçado ou O Rio Triste, que vieram a ser traduzidos em diversas línguas, tendo inclusive, em 1981, sido proposto para o Prémio Nobel da Literatura, pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo PEN Clube.
Se quisermos contextualizar, sistematizar a sua obra em fases distintas de criação literária, podemos identificar: (1) o ciclo de juventude, principalmente enquanto estudante em Coimbra, coincidente com o livro-poema Terra e o romance Fogo na Noite Escura; (2) ciclo rural, entre 1943 e 1950, representado pelas novelas Casa da Malta (escrita em 8 dias) e Minas de San Francisco, ou pelos romances A Noite e a MadrugadaO Trigo e o Joio sem esquecer os Retalhos da Vida de um Médico, (3) ciclo urbano, coincidente com a sua vinda para Lisboa, marcado pela solidão e vivências do quotidiano, e que se terá reflectido no romance O Homem Disfarçado, em Cidade Solitária ou no Domingo à Tarde; (4) ciclo cosmopolita, ou seja, dos cadernos de um escritor, balizado no final dos anos 60 e década de 70, explicado pelas muitas viagens que fez, nomeadamente à Escandinávia, e pela sua participação nos encontros de Genebra;  5) ciclo final, entre a ficção contemporânea, onde se insere o romance O Rio Triste ou Resposta a Matilde, intitulado pelo próprio divertimento, e as reflexões íntimas de Jornal sem Data( 1988).
Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas,  Retalhos da Vida de um Médico, foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermédio do realizador Jorge Brum do Canto (em 1962, filme seleccionado para o Festival de Berlim),  seguindo-se a série televisiva, da responsabilidade de Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).
Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965, por Manuel Guimarães, com Manuel da Fonseca. Do mesmo realizador, para televisão e em 1969, tem-se Fernando Namora. Domingo à Tarde (seleccionado para o Festival de Veneza), foi realizado por António de Macedo em 1965.  Em 1975, surge Fernando Namora – Vida e Obra realizado por Sérgio Ferreira. Também em 1975 Namora colaborou na publicação periódica Jornal do Caso República  (1975). A Noite e a Madrugada, de 1985 deve a sua realização a Artur Ramos. Resposta a Matilde, de 1986 foi adaptado  a televisão por Dinis Machado e Artur Ramos. Em 1990 regista-se O Rapaz do Tambor, curta metragem de Vítor Silva.  


Casa-Museu de Fernando Namora


Ali, a dois passos da Vila, o Rio de Mouros. Nasceu de um fio de água, do suor de uma rocha, entre urzes e montes. Ainda a meio da serra, é um ribeirito que não dá para matar a sede a um rebanho. Mas depois, a terra começa, subitamente, a ficar brava, com penedos que têm o ar de montanhas, e o rio despenha-se entre os silvais e as fragas em som e espuma, com um fragor que, de Inverno, com as cheias, estremece os ouvidos da serra e dos homens. – texto de 1941. 
É possível visitar a casa onde Fernando Namora nasceu, e onde os seus pais abriram um pequeno estabelecimento comercial, situada no centro da vila de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra. 
Inaugurada em 30 de Junho de 1990, esta iniciativa resultou da ideia de um grupo de amigos, seus conterrâneos, que quiseram homenageá-lo através da proposta da criação de uma Casa-Museu, de modo a recordar a todos, e nas palavras do Sr. Ramiro de Oliveira, que é Condeixense e que aqui viveu a sua infância e parte da mocidade. 
Aberta ao público desde então, nela se pode encontrar o seu escritório, tal qual estava em Lisboa, com todos os seus livros e objectos pessoais, e que acabou por ser o destino do que fui acumulando ao longo dos anos, coisas minhas, coisas do que vi e vivi e ainda valiosas coisas alheias que de algum modo se relacionam comigo. - carta de 7 de junho de 1984.



quinta-feira, 21 de março de 2019

2019, um ano para celebrar Sophia de Mello Breyner Andresen








Sophia cumpre um século de existência a 6 de novembro de 2019. Nasceu no Porto, filha de Maria de Mello Breyner e de João Henrique Andresen, e neta do dinamarquês Jan Andresen, uma família da aristocracia com valores tradicionais. Em Lisboa, esteve ligada aos movimentos universitários católicos enquanto estudava Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, curso que nunca concluiu.
                Poeta ímpar, apresenta uma obra extensa que se desdobra em livros de poesia e prosa, histórias infantis, antologias várias, ensaios e peças de teatro. A grande ausência na sua produção foi apenas o romance.


Poesia
Entre os géneros que Sophia cultivou, foi a poesia aquele que a consagrou como voz  singularíssima na literatura contemporânea. Na sua poesia, encontramos o fascínio pela pureza original e pela agitação cósmica; o feitiço exercido pela água, pelo mundo clássico; o poder da invocação (procurando reconquistar um mundo perdido e quebrado) e da memória que permite tornar presente o distante e o ausente; a palavra como agente da transfiguração da realidade…



Resistente e idealista
Uma ideologia humanista e uma consciência política percorrem também toda a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen: “Tempo de solidão e de incerteza / Tempo de medo e tempo de traição / Tempo de injustiça e de vileza /Tempo de negação.”
Como cidadã, foi uma figura corajosa no combate ao regime salazarista, cujas lutas partilhou com o marido, o jornalista Francisco Sousa Tavares. Ganhou fama a sua Cantata da Paz, adotada como canção de intervenção dos Católicos Progressistas: “Vemos, Ouvimos e Lemos, Não podemos ignorar.” Apoiaria a candidatura de Humberto Delgado e foi fundadora e membro da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Depois, do 25 de abril, “o dia inicial, inteiro e limpo”, Sophia é eleita deputada à Assembleia Constituinte, pelo PS, onde os seus discursos em prol da cultura deixarão marca: “A cultura não existe para enfeitar a vida, mas sim para a transformar - para que o homem possa construir e construir-se em consciência, em verdade e liberdade e em justiça.”

Unanimemente reconhecida na sociedade portuguesa, foi agraciada com inúmeros prémios, condecorações e homenagens. Destes, destaca-se O prémio Camões, em 1999, atribuído pela primeira vez a uma mulher.
Eduardo Lourenço afirma que a Sophia de Mello Breyner tem uma sabedoria "mais funda do que o simples saber", que o seu conhecimento íntimo é imenso e a sua reflexão, por mais profunda que seja, está exposta numa simplicidade original.
As comemorações do centenário de Sophia prolongam-se durante todo o ano com o objetivo, segundo a comissão organizadora, de celebrar “a consciência do mundo”, refletida na obra da autora.












Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de julho de 2004, em Lisboa, no Hospital Pulido Valente. O seu corpo foi sepultado no Cemitério de Carnide. Em 20 de fevereiro de 2014, a Assembleia da República decidiu homenagear por unanimidade a poeta com honras de Panteão. A cerimónia de trasladação teve lugar a 2 de julho de 2014.