terça-feira, 22 de dezembro de 2009


"Tudo é pequeno e transitório neste mundo, excepto a humanidade, a cadeia ininterrupta, por onde ass sucessivas gerações vão transmitindo, acrescentando, o tesouro da comum civilização".
Depositemos confiança nos feitos da humanidade e acreditemos que o homem é capaz de enfrentar as adversidades e construir um 2010 mais fraterno. Para tal, cada um de nós, neste NATAL, fortaleça essa cadeia ininterrupta que nos conduza ao tesouro comum da civilização: a fraternidade...
Valete, fratres!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Visita de estudo à Escola Alemã de Lisboa









" No passado dia 24 de Novembro os alunos de Alemão da turma J do 11º ano, deslocaram-se numa visita de estudo à Escola Alemã de Lisboa no âmbito do " Dia Aberto da Escola Alemã e das actividades da disciplina. O grupo era constituído por sete alunos e pelas professoras Manuela Encontrão e Luisa Silva.

Chegámos à Escola Alemã por volta das 8h30 e a primeira impressão da escola foi muito boa.
Fomos recebidos pela Directora do Goethe Institut de Lisboa. Uma vez que fomos dos primeiros a chegar, aproveitámos para conhecer a escola um pouco melhor.

Depois fomos recebidos pelo subdirector, Herr José Valentim, organizador do evento, o qual nos apresentou o Director da escola, Dr. Roland Clauß.

O Director da Deutsche Schule iniciou a sessão com um discurso de boas vindas a todas as escolas presentes. Cada escola fez a sua apresentação. A nossa escola foi apresentada pelas alunas Catarina de Campos e Andreia Draque.
Durante a sessão assistimos a apresentações teatrais, coros, sketches cómicos e apresentações de ginástica artística. Nos intervalos tivemos oportunidade de provar especialidades alemãs como a famosa Apfelstrüdel e os conhecidos Lebkuchen ( feitas pelos alunos do 7º ano) e confraternizar com elementos de outras escolas.

A visita terminou num amigável jogo de voleibol entre a nossa escola e a Deutsche Schule. Finalmente regressámos a Massamá.

Gostámos muito da visita, achámos que a escola tinha óptimas condições e esperamos lá voltar brevemente."
Turma 11ºJ - Alemão





quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feira do livro





Está a decorrer de 23 de Novembro a 4 de Dezembro a feira do livro na Biblioteca da nossa escola.
Com o objectivo de promover a literacia e uma maior interacção com os livros, a Biblioteca da nossa escola organizou mais uma Feira do Livro. Professores, alunos e funcionários têm vindo a transformar o espaço da BE num verdadeiro ponto de encontro de leitores e amigos do livro, onde tem sido possível o livre manuseamento dos livros expostos bem como a aquisição dos títulos que mais lhes interessam.
E, dado que também "Somos o que lemos e quem nunca leu ou quem leu muito pouco, não conhece nem o mundo em que vive nem os mundos em que podemos sonhar”, aqui fica um apelo para, pelo menos, nestes últimos dias, visitarem a feira .
A todos aqueles que se inscreveram no concurso nacional de leitura desejamos que continuem a desvendar novos mundos...novos sonhos...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


Lançamento de uma edição fac-similada marca 75 anos da "Mensagem" de Fernando Pessoa

Há exactamente 75 anos, no dia 1 de Dezembro de 1934, a editora Parceria António Maria Pereira, de Lisboa, publicava o volume de poemas "Mensagem". O autor, Fernando Pessoa, tinha então 46 anos - morreria quase exactamente um ano depois, a 30 de Novembro de 1935.
Para comemorar o 75º aniversário da "Mensagem", a Guimarães lança hoje um fac-símile do dactiloscrito que Pessoa entregou nas oficinas tipográficas da Editorial Império, onde o livro foi impresso. Luís Vilaça, da Guimarães, chama-lhe "edição clonada" para acentuar que o objectivo da editora foi criar um objecto virtualmente indistinguível do original hoje conservado na Biblioteca Nacional. Desde a encadernação em tecido que Pessoa mandou fazer do dactiloscrito até à qualidade do papel, tudo foi minuciosamente reproduzido. Tal como no original, a palavra Mensagem aparece redigida a lápis, na folha de rosto, sob o título Portugal (que Pessoa só abandonou no último momento), escrito à máquina e riscado por cima.
Destituída de qualquer aparato crítico, para não prejudicar a sensação de se ter na mão o próprio caderno de Pessoa, esta edição "clonada" inclui apenas, em letra minúscula, a menção de que se trata de um fac-símile. E se não reproduz exactamente o objecto que Pessoa levou à gráfica, é apenas porque o próprio dactiloscrito inclui, actualmente, algumas indicações manuscritas por terceiros após a morte do poeta. Numa folha de guarda, pode, por exemplo, ler-se: "Comprado a Antonio Fumaça em 1.10.65. Pertencia ao espólio do Sr. Armando de Figueiredo, da Editorial Império."
A edição, com uma tiragem de 2500 exemplares, e que só estará à venda nas lojas da Guimarães e nas Fnac, será hoje lançada na Biblioteca Nacional, pelas 17h30, numa sessão que incluirá uma palestra de Eduardo Lourenço, uma leitura de poemas da "Mensagem" pelo actor Luís Lucas e um debate com Lourenço, Manuel Alegre e Vasco Graça Moura, que irão discutir, sob a moderação de Carlos Vaz Marques, o tema Pessoa e o Sonho do Supra-Camões.
A conversa promete ser interessante. Se Alegre nunca fez parte da esquerda que torce o nariz à "Mensagem", já Graça Moura distingue-se, à direita, como um dos raros intelectuais que assume não apreciar por aí além a obra de Pessoa. Numa breve antecipação do que irá defender na sessão de hoje, disse ao P2 que tenciona sugerir que "o que está por trás da Mensagem é a Lusitânia do Mário Beirão", publicada em 1917. E recorda que Beirão foi justamente um dos jurados que deu à Mensagem o prémio que o livro recebeu do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN).
Considerado hoje um dos génios literários do século XX, traduzido e estudado em todo o mundo, Pessoa era, em 1934, quando publicou a "Mensagem", um autor lido por um círculo restrito de entusiastas, ainda que o escândalo provocado pelos dois números de Orpheu, em 1915, lhe tivesse assegurado alguma notoriedade. Na verdade, já então publicara, em revistas, muitos dos seus principais poemas - quer ortónimos, quer assinados com os nomes de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos -, mas poucos os terão lido na época. E alguns dos que os leram estranharam que o criador das grandes odes modernistas de Álvaro de Campos se desse a conhecer ao grande público com uma obra que se arriscava a ser lida como estando em sintonia com a retórica do recém-instituído Estado Novo. Um dos que criticaram esta opção de Pessoa foi Casais Monteiro, a quem o poeta dá parcialmente razão, reconhecendo que o livro revelava apenas umas das suas múltiplas facetas: "Sou, de facto, um nacionalista místico e um sebastianista racional. Mas sou, à parte isso, e até em contradição com isso, muitas outras coisas."
Já a sua suposta adesão ao Estado Novo é um equívoco que Pessoa, numa carta enviada ao mesmo Casais Monteiro em Outubro de 1935, se apressa a desfazer, insurgindo-se, designadamente, contra a "censura positiva" que Salazar acabara de anunciar, precisamente na cerimónia de entrega dos prémios do SPN.
E, num artigo destinado à imprensa, mas que ficaria inédito - no qual procura demonstrar que nada opõe o autor da Mensagem ao cidadão que vinha irritando o Estado Novo com as suas posições públicas em defesa da Maçonaria -, Pessoa mostra bem o que pensa do nacionalismo de vistas estreitas: "Uma coisa, e uma só, me preocupa: que com este artigo eu contribua (...) para estorvar os reaccionários portugueses em um dos seus maiores e mais justos prazeres - o de dizer asneiras. Confio, porém, na solidez pétrea das suas cabeças e nas virtudes imanentes naquela fé firme e totalitária que dividem, em partes iguais, entre Nossa Senhora de Fátima e o Senhor D. Duarte Nuno de Bragança."
Embora o regulamento dos prémios do SPN afirmasse que as obras a concurso deviam exaltar o espírito nacionalista, é possível que não tenha sido tanto esse aspecto da Mensagem - um pouco esotérico de mais para os gostos do salazarismo - a valer-lhe o prémio. Basta pensar que o presidente do SPN, e como tal presidente do júri, era o mesmo António Ferro cujo nome figurara, 20 anos antes, no cabeçalho de Orpheu.
O regulamento destinava dois prémios a obras poéticas, sendo o primeiro, no valor de cinco mil escudos, atribuído a um livro não inferior a 100 páginas. A edição da "Mensagem" que Pessoa apresentou a concurso tem precisamente - e não será coincidência - 100 páginas numeradas, mas incluindo as que apenas ostentam títulos, subtítulos e epígrafes. O estratagema não pegou e a obra foi eliminada do concurso pelo respectivo júri, que, no entanto, terá apreciado o livro, já que usou do subterfúgio de o considerar um só poema (juízo, aliás, aceitável) para o poder premiar na segunda categoria, dotada de mil escudos e relativa a poemas soltos. Por intervenção posterior de Ferro, Pessoa acabaria por receber os mesmos cinco contos que couberam ao vencedor da categoria principal, o jovem missionário Vasco Reis, de 23 anos, que se candidatara com o livro Romaria.
Sabendo-se qual foi a posteridade da "Mensagem" e do seu autor, não deixa de ser caricato pensar que rivalizou com um livro como "Romaria". Podia até ser uma estimável obra esquecida de um autor a quem o tempo não fez justiça. Mas não é. É um drama em verso absolutamente ridículo, protagonizado, entre outros, por um ceguinho, um bolchevique e uma entrevadinha.
Vale a pena transcrever um diálogo entre estes dois últimos, que até é dos trechos menos soporíferos do livro. Grita o bolchevista, dirigindo-se ao seu "macho esquelético e lazarento": "Arre macho! up! up! vais a dormir, diabo!/ Tens vocação p"ra frade e ócios de nababo!/ Porca de vida a minha!" A entrevadinha procura aquietá-lo: "Ó filho, tem paciência!/ A Dor é sempre um bem nas mãos da Providência!..." Mas o marido não é homem que agradeça um conselho: "Caladinha, mulher! ou temos salsifré!/ Se vês que o macho arreia, então vai tu a pé...//... Um raio duma velha escanifrada e má,! A qu"rer-me converter... E esta?! Vejam lá!" Já o ceguinho, vem-se a saber, era afinal Santo António de Lisboa, e não só cura as maleitas da entrevadinha, como alcança converter o bolchevique, que, na última página, já "resplandece de luz interior".

O mais espantoso é que o júri que escolheu este pastelão incluía quatro autores respeitáveis: a novelista e dramaturga Teresa Leitão de Barros, o poeta Acácio de Paiva, o já referido Mário Beirão e, pasme-se!, Alberto Osório de Castro, poeta de inegável talento, amigo íntimo de Camilo Pessanha, apreciador de Baudelaire e Verlaine, colaborador da Centauro e de outras revistas modernistas. Poderíamos imaginar que se limitou a subscrever a escolha dos outros jurados, para não criar conflitos. Nada disso. Fez questão de deixar escrito, na sua declaração de voto, que, ao ler Romaria, tivera "a sensação que produziria a aparição de um Cesário Verde ou de um António Nobre". Acontece que este novo Nobre escrevia assim: "Com o dinheiro da ceia/ Vais comprar uma candeia./ Tem paciência, Zé Miguel!/ Antes sofrer a larica,/ Que andar sempre na botica."
Quando esse júri, há três quartos de século, pegou na "Mensagem", sem saber o que o esperava, começou por ler esta quadra, que abre o primeiro poema do livro: "A Europa jaz, posta nos cotovelos:/ De Oriente a Ocidente jaz, fitando,/ E toldam-lhe românticos cabelos/ Olhos gregos, lembrando. (...)" Compare-se com a primeira quadra de Romaria: " - Sou ceguinho de nascença/ Deus o quis e foi por bem.../ Que não vejo assim no mundo/ Tanta dor que o mundo tem..." Já o júri do SPN nem essa desculpa tinha. Nenhum deles era ceguinho.

Fonte, DN