sábado, 25 de abril de 2020

25 de abril - A Revolução dos Cravos



A "Revolução Dos Cravos" foi o movimento que derrubou o regime salazarista em Portugal, no ano de 1974, de forma a estabelecer liberdades democráticas, com o intuito de promover transformações sociais no país.
A 25 de abril desse ano, um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que era composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial, leva a cabo um golpe de Estado militar pondo fim ao regime ditatorial do Estado Novo vigente desde 1933. 
No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h 55m é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal é dado às 0h20 m, quando a canção Grândola, Vila Morena,  de Zeca Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações.
De madrugada, militares do MFA (Movimento das Forças Armadas) ocuparam os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdades de toda a ordem. 
Durante o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um golpe de Estado transformou-se numa revolução. A certa altura, uma vendedora de flores começou a distribuir cravos. Os soldados enfiaram o cravo no cano da espingarda e os civis puseram a flor ao peito. Por isso, hoje em dia lhe chamamos "Revolução dos Cravos".
No dia 26 de abril, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, que dará início a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, em síntese, resumido no programa dos três Ds: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.
A 15 de maio de 1974, o General  António de Spínola foi nomeado Presidente da República. Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC ( Processo Revolucionário em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares que terminaram com o 25 de novembro de 1975.
Entre as medidas imediatas da revolução conta-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos são legalizados. No dia seguinte, a 26 de abril, são libertados os presos políticos da Prisão de Caxias e a de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1º de maio é celebrado em plena liberdade nas ruas, pela primeira vez em muitos anos.
Acabada a guerra colonial e durante o PREC, as colónias africanas e de Timor-Leste tornam-se independentes.
Finalmente, no dia 25 de abril de 1975, têm lugar as primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte. É elaborada uma nova Constituição, que entrou em vigor no 25 de abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República.
 A revolução de abril começou com música e muitas são as músicas associadas a este momento histórico. As músicas de abril tornaram-se símbolos da revolução da liberdade. Para celebrar o 25 de abril, recordamos algumas das canções de intervenção e de protesto contra o regime instaurado.  


quarta-feira, 22 de abril de 2020

Dia Mundial da Terra



Dia da Terra é comemorado anualmente a 22 de abril. Este dia, também chamado de Dia do Planeta Terra ou Dia da Mãe Terra, reconhece a importância do planeta e alerta todos os habitantes para a importância e a necessidade de preservar os recursos naturais do mundo.
Em 2020 este dia celebra 50 anos. As comemorações do Dia da Terra tiveram lugar pela primeira vez nos Estados Unidos, no dia 22 de abril de 1970, promovidas pelo senador americano Gaylord Nelson (1916-2005), que organizou um fórum ambiental que envolveu cerca de 20 milhões de participantes. Milhões de pessoas foram para as ruas protestar contra os impactos negativos de 150 anos de desenvolvimento industrial. Este dia é hoje celebrado em mais de 190 países, com a participação de cerca de mil milhões de pessoas que manifestam o seu compromisso com a proteção e a necessidade de preservar os recursos naturais, o ambiente e a sustentabilidade da Terra. 
Neste dia, do ponto de vista educativo,​ desenvolvem-se várias iniciativas, tais como, escrever frases e poemas sobre a importância do planeta, plantar árvores, separar resíduos, etc. este ano e perante a situação de pandemia por que o país está a passar, várias associações nacionais têm atividades online. É dia do ano mais importante para o planeta Terra, dedicado a chamar a atenção para a necessidade de promover um desenvolvimento sustentável enquanto fator fundamental para a qualidade de vida das futuras gerações.


quinta-feira, 16 de abril de 2020


Homenagem a Luís Sepúlveda ( 4 de outubro de 1949- 16 de abril de 2020)

Morreu, aos 70 anos, Luis Sepúlveda, vítima de infeção pelo novo coronavírus. Deixa uma vasta obra literária, um autêntico “exercício de memória”, onde a fábula, melhor género para conhecer o ser humano “à distância”, como dizia, se convertia num pretexto para se debruçar sobre as personagens que foi conhecendo ao longo da vida. Porque a escrita não fazia parte de uma terapia para curar feridas do passado. A escrita era sempre parte do presente do autor.
Nascido em 1949, numa pequena vila chamada Ovalle, no Chile, envolveu-se na política muito novo, ainda na faculdade. Antes veio o teatro, ou a produção teatral, na Universidade Nacional do Chile. Um género que iria marcar muito da sua vida antes de se tornar um autor mundialmente famoso. Aos 16 anos decide ler Moby Dick, de Herman Melville. É com esse livro que desperta uma dúvida que iria levá-lo até ao género da fábula, ao reino animal, esse “convite à literatura”.
É no Equador que descobre a sua próxima grande jornada: uma expedição da UNESCO para acompanhar os índios shuar, com quem viveu sete meses, numa região da Amazónia, que “fracassou ao fim de 12 semanas na selva”. Mas que, por persistência ou por curiosidade, lhe deu a conhecer uma “outra maneira de entender a vida e a morte — sem medo”, como confessa em entrevista ao Observador. E é dessa experiência que nasce O Velho que lia romances de amor (1989). E é também aí que começa uma das grandes marcas na escrita de Sepúlveda: a preocupação ambiental, aliada a um sentimento de justiça e luta pela igualdade. 

Em 1982 ruma a Hamburgo movido pela sua paixão pela literatura alemã e aí se torna repórter.Mas a preocupação ambiental falou mais alto e Sepúlveda decide juntar-se à Greenpeace, tendo participado numa das maiores ações da organização, quando bloquearam o porto japonês de Yokohama, durante dois meses, para lutar contra a caça da baleia. Dessa experiência sai o livro Mundo Do Fim Do Mundo, uma homenagem aos voluntários da Greenpeace, onde o protagonista tem uma história muito semelhante ao autor.

Da sua vasta obra - toda ela traduzida em Portugal - , destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor, História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar e História de um Caracol Que Descobriu a Inportância da Lentidão (2016). Mas todos os seus livros conqustaram em todo o mundo a admiração de milhões de leitores.

Em 2016 recebeu o Prémio Eduardo Lourenço - que visa galardoar personalidades ou instituições com intervenção relavante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica - , uma honra que definiu como " uma emoção muito especial".

Para além de romancista, foi realizador, roteirista, jornalista e ativista político. Em 1970 venceu o Prémio Casa das Américas pelo seu primeiro livro, Crónicas de Pedro Nadie, e também uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov de Moscovo.

Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas.


História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar



História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar