segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia Mundial da Criança

1 de Junho

Poemas

Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


Criança
Cabecinha boa de menino triste,

de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre, — e resiste,

Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente...

Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.

Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

Menino

No colo da mãe
a criança vai e vem
vem e vai
balança.
Nos olhos do pai
nos olhos da mãe
vem e vai
vai e vem
a esperança.

Ao sonhado
futuro
sorri a mãe
sorri o pai.
(...)

Balança
como o rimar
de um verso
de esperança.

Depois quando
com o tempo
a criança
vem crescendo
vai a esperança
minguando.
E ao acabar-se de vez
fica a exacta medida
da vida
de um português.

Criança
portuguesa
da esperança
na vida
faz certeza
conseguida.
Só nossa vontade
alcança
da esperança
humana realidade.

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

Criança desconhecida

Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas.
Brinca na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.
O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.

Alberto Caeiro

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Encontro com o escritor Sérgio Luís de Carvalho



No âmbito das Comemorações do Centenário da República e das actividades de promoção da leitura teve lugar, na tarde do dia 19 de Maio, na Biblioteca, o encontro com o escritor Sérgio Luís de Carvalho. O escritor falou-nos sobre a participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial - mostrando imagens esclarecedoras e revelando aspectos muito interessantes - e sobre a República de Sidónio Pais, temas abordados na sua obra “ O Destino do Capitão Blanc”. Participaram alunos do 9ºH, e alunos do 10ºK, 11ºI e 11ºJ, no âmbito das disciplinas de História e Português, que se mostraram entusiasmados e que colocaram perguntas ao escritor. No final houve sessão de autógrafos.

José Luís Peixoto na Stuart Carvalhais






José Luís Peixoto na Stuart Carvalhais

Realizou-se no dia 19 de Maio na Biblioteca o encontro com o escritor José Luís Peixoto, no âmbito da iniciativa “ Os Escritores vão à Escola”, promovida pela Divisão de Educação da Câmara Municipal de Sintra. O escritor falou-nos da sua obra e das temáticas abordadas, respondendo às várias questões colocadas pelos alunos das turmas 11ºC e 11ºJ. No final do encontro alguns alunos leram poemas e excertos de textos do autor, traduzidos nas línguas francesa, inglesa e alemã, trabalho que foi realizado anteriormente em sala de aula nas disciplinas de línguas estrangeiras.

segunda-feira, 17 de maio de 2010



Encontro com Escritores
19 de Maio




No âmbito do Plano Anual de Actividades da BE/CRE e do Departamento de Línguas, estarão presentes, no dia 19 de Maio, pelas 11h40m e 16h50m, respectivamente, os escritores José Luís Peixoto e Sérgio Luís de Carvalho para uma sessão que contará com a presença de alunos do ensino básico e secundário.

José Luís Peixoto
José Luís Peixoto nasceu em 1974 (Galveias, Ponte de Sor). Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Tem publicado poesia e prosa. Recebeu o Prémio Jovens Criadores (área de literatura) nos anos 97, 98 e 2000. Em 2001, o seu romance «Nenhum Olhar» recebeu o Prémio Literário José Saramago.
Está representado em diversas antologias de prosa e de poesia nacionais e estrangeiras. É colaborador de diversas publicações nacionais e estrangeiras. Em 2005, escreveu as peças de teatro «Anathema» (estreada no Theatre de la Bastille, Paris) e «À Manhã» (estreado no Teatro São Luiz, Lsboa).
Os seus romances estão publicados em França, Itália, Bulgária, Turquia, Finlândia, Holanda, Espanha, República Checa, Croácia, Bielo-Rússia e Brasil. Estando actualmente em preparação edições no Reino Unido, Hungria e Japão.

CAL reúne textos de natureza diversa (3 poemas, 17 contos, 1 peça de teatro), ancorados num espaço rural e na vivência e memória dos mais velhos. Aqui, a experiência da duração, da continuidade, funde-se com o sonho e com a loucura, num tempo fora do tempo. Como um «fio puríssimo de luz», uma «ausência presente» atravessa os gestos e as emoções destas figuras. Em cumplicidade com a morte, a vida torna-se mais límpida, talvez mais pura. A luz, como «treva visível» - força redentora das suas personagens -, é certamente um dos fios condutores de CAL.

quarta-feira, 12 de maio de 2010



O Destino do Capitão Blanc, de Sérgio Luís de Carvalho

Na 11ª hora do 11º dia do 11º mês do ano de 1918, a escassos minutos do fim da Primeira Guerra Mundial, tem lugar, no Nordeste de França, um dos mais estranhos e inexplicáveis massacres de todo o conflito. O capitão português Luís D'Orey Blanc é testemunha e, de algum modo, vítima desse massacre. Enviado meses antes a França pelo próprio Sidónio Pais, no que era suposto ser uma mera missão político-militar, Blanc depressa se vê envolvido numa espiral de morte, de ajuste de contas, de memórias e de arrebatadoras paixões que vão para sempre mudar a sua vida. Rigorosamente baseado em factos reais, este romance retrata a árdua vida nas trincheiras, as batalhas, as revoltas e o quotidiano dos homens em luta, bem como o sofrimento das mulheres e as esperanças perdidas de toda uma geração, entre a guerra e o amor.
Neste romance, o leitor acompanha cerca de quatro meses da vida da personagem Luís Blanc (se exceptuarmos as indicações sobre o seu passado, dadas por analepse), ocorridos entre o início de Agosto e o final de Novembro de 1918, em torno de uma missão para que o militar foi destacado na Flandres onde o Corpo Expedicionário Português (CEP) participava na guerra de trincheiras.
É curioso que o sentido de missão, bem como a história desta personagem, se vão alicerçar sobre o momento em que o CEP já perdera alguma da sua identidade.
É um romance de desgosto e de decepção, com um final difícil de prever, mesmo na história de amor em que os apelidos Blanc (dele) e White (dela) pareciam prognosticar um final feliz pela coincidência dos apelidos.
Profundo é o que fica da experiência de guerra. E vale a pena lembrar episódios como o da destruição em Mont Sec, o da associação entre os amotinados e os “cães lazarentos”, o da morte que espera um herói vestido com a “farda principal, cheia de alamares e de dourados, de dragonas e distinções” a pouco mais de uma hora do fim da guerra ou a reflexão sobre o que ficaria do que foi aquela experiência logo que um filho perguntasse a um dos combatentes algo como “pai, o que é que fizeste na Grande Guerra?”
É o absurdo da guerra.
Tudo passando neste romance, eivado de ironia, efeito que é muito ajudado pelos comentários entre parênteses que entremeiam alguns parágrafos, ora como extensões do narrador ou das personagens, ora suscitando no leitor a vontade de acompanhar a reflexão.

domingo, 9 de maio de 2010



Tratado de Lisboa
A Europa rumo ao século XXI
As decisões do Tratado


A Carta dos Direitos Fundamentais da UE

Dignidade
Artigos
Ex º Art2º “Ninguém pode ser condenado à morte, nem executado”


Solidariedade
Artigos
Exº Artº 33 “É assegurada a protecção da família nos planos jurídico, económico e social”


Liberdades
Artigos
Exº Artº 10 “Todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião”

Cidadania
Artigos
Exº Artº 45 “Qualquer cidadão da União goza do direito de circular e permanecer livremente no território dos Estados-Membros”


Igualdade
Artigos
Exº Artº 20 “Todas as pessoas são iguais perante a lei”


Justiça
Artigos
Exº Artº 47 “Toda a pessoa cujos direitos e liberdades garantidos pelo direito da União tenham sido violados, tem direito a acção perante um tribunal”

domingo, 2 de maio de 2010

Poema - Dia da Mãe


Mãe


Olha, meu filho, quando, à aragem fria
dalgum torvo crepúsculo encontrares
uma árvore velhinha, em modo e em ares
de abandono e outonal melancolia,

não passes junto dela, nesse dia
e nessa hora de bençãos, sem parares;
não vás, sem longamente a contemplares:
vida cansada, trémula e sombria!

Já foi nova e floriu entre os esplendores:
talvez em derredor dos seus amores
inda haja filhos que lhe queiram bem...

Ama-a, respeita-a, ampara-a na velhice;
sorri-lhe com bondade e com meiguice:
-Lembre-te, ao vê-la, a tua própria Mãe!

António Correia de Oliveira ( 1879-1960)

História do Dia da Mãe


A história da criação do Dia das Mães começa nos Estados Unidos, em Maio de 1905, numa pequena cidade do Estado da Virgínia Ocidental. Foi lá que a filha de pastores Anna Jarvis e algumas amigas começaram um movimento para instituir um dia em que todas as crianças se lembrassem das suas mães e as homenageassem .
A ideia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais. Para Anna, a data tinha um significado mais especial: homenagear a própria mãe, Ann Marie Reeves Jarvis, falecida naquele mesmo ano.

Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de Abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração. Em 1914, a celebração foi unificada nos Estados Unidos, sendo comemorado sempre no segundo domingo de Maio. Em pouco tempo, mais de 40 países adoptaram a data.
Mas Anna não foi a primeira a sugerir a criação do Dia das Mães. Antes dela, em 1872, a escritora Julia Ward Howe chegou a organizar em Boston um encontro de mães dedicado à paz.

Em Portugal, até há alguns anos atrás, o Dia da Mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas actualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio.


Dia da Mãe - 2 de Maio de 2010



Mãe


Ela velava perto

do filho, que dormia,

e cândida sorria

ao lírio entreaberto.


Da Lua um raio incerto

no quarto se perdia;

e a Mãe olhava o Dia

e a Luz do seu deserto.


No berço flutuante

moveu-se agora o infante

e acorda pranteando...


Não há quadro mais belo

que a Mãe, solto o cabelo,

o filho acalentando!


Gonçalves Crespo ( 1846-1883)