Emigrantes, de José Maria Ferreira de Castro
O livro aborda
a temática da emigração portuguesa no Brasil no início do século XX. O
Portugal dessa época é um país pobre e pouco desenvolvido. Para fugirem às
precárias condições de vida, muitas pessoas emigraram para vários países,
nomeadamente para o Brasil. É o caso de Manuel da Bouça, personagem que
acompanhamos do princípio ao fim do romance, que se separa da família, hipoteca
os poucos bens que possui e parte com o objetivo de alcançar uma vida melhor.
Em Emigrantes, o autor mostra com
dureza e realismo as condições de vida dos emigrantes portugueses no Brasil.
Apresenta com grande humanismo as ideias essenciais, questionando ao longo de
toda a obra o sentido de justiça do mundo em que vive.
“A
sua alegria desvanecera-se e agora, volvido de novo para o cais, ao ver os
últimos emigrantes desembarcados, que caminhavam, trôpegos e miseráveis, entre
as mulheres e os filhos, apiedava-se deles. «Aqueles diabos imaginavam que para
se enriquecer bastava ir por aí fora, com ganas de trabalhar. Ele também
pensara assim, mas depois é que vira. Bem lhe diziam o Hermenegildo e o
Fernandes que só com o seu trabalho um homem não enriquecia. Se não fosse isso,
ele estaria podre de rico… Mas qual! Nem os ricos iam deixar que todos
enriquecessem, senão – claro! – não tinham quem lhes fizesse as coisas de que
eles precisavam…”
“Há
cada ricaço que é de a gente lhe tirar o chapéu! Que ricos há os em toda a
parte. Também os há aqui e bem pertinho. O que eu queria é que não houvesse
pobres.”
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