terça-feira, 24 de maio de 2016


Emigrantes, de José Maria Ferreira de Castro


O livro aborda a temática da emigração portuguesa no Brasil no início do século XX. O Portugal dessa época é um país pobre e pouco desenvolvido. Para fugirem às precárias condições de vida, muitas pessoas emigraram para vários países, nomeadamente para o Brasil. É o caso de Manuel da Bouça, personagem que acompanhamos do princípio ao fim do romance, que se separa da família, hipoteca os poucos bens que possui e parte com o objetivo de alcançar uma vida melhor.

 Em Emigrantes, o autor mostra com dureza e realismo as condições de vida dos emigrantes portugueses no Brasil. Apresenta com grande humanismo as ideias essenciais, questionando ao longo de toda a obra o sentido de justiça do mundo em que vive.

“A sua alegria desvanecera-se e agora, volvido de novo para o cais, ao ver os últimos emigrantes desembarcados, que caminhavam, trôpegos e miseráveis, entre as mulheres e os filhos, apiedava-se deles. «Aqueles diabos imaginavam que para se enriquecer bastava ir por aí fora, com ganas de trabalhar. Ele também pensara assim, mas depois é que vira. Bem lhe diziam o Hermenegildo e o Fernandes que só com o seu trabalho um homem não enriquecia. Se não fosse isso, ele estaria podre de rico… Mas qual! Nem os ricos iam deixar que todos enriquecessem, senão – claro! – não tinham quem lhes fizesse as coisas de que eles precisavam…” 
“Há cada ricaço que é de a gente lhe tirar o chapéu! Que ricos há os em toda a parte. Também os há aqui e bem pertinho. O que eu queria é que não houvesse pobres.” 



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