Sebastião da Gama, poeta e pedagogo, nasceu a 10 Abril de 1924, em Vila Nogueira de Azeitão; faleceu precocemente em fevereiro de 1952, Lisboa.
Viveu a sua infância no Portinho da Arrábida e a sua obra está profundamente ligada à Serra da Arrábida. Em 1945, publica o seu primeiro livro, Serra-Mãe.
Em 1947 licenciou-se em
filologia românica, na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professor em Lisboa, em Setúbal e em Estremoz.
Sebastião da Gama amava profundamente a Arrábida e a sua obra literária exprime este sentimento de profunda ligação à beleza daquele lugar. Poeta muito atento e apaixonado pela natureza, mas também pelas crianças e pelos seus semelhantes.
Muitos dos seus poemas afirmam a natureza e evoluem para uma dimensão de ligação ao transcendente.
No seu trabalho literário, podem contar-se várias obras, umas publicadas pelo autor, como é o caso de: Serra-Mãe (1945), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951), e outras que apareceram postumamente, e que são: Pelo Sonho É Que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo É Amar (1969) e Cartas I (1994).
No poema Serra-Mãe, o autor fala da serra da Arrábida, como sua mãe:
«Chego a julgar a Arrábida por Mãe,
quando não serei mais que seu bastardo.
A
minha alma sente-se beijada
pela poalha da hora do Sol-pôr;
sente-se a vida das seivas e a alegria
que faz cantar as aves na quebrada;
e
a solidão augusta que me fala
pela mata cerrada,
aonde o ar no peito se me cala,
desceu da Serra e concentrou-se em mim.
A título póstumo foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e com o grau de Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, em junho de 1993 e em abril de 2024, respetivamente.
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
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